Objetivo do Blog

Objetivando a transparência do serviço público para que toda a população tenha acesso às atividades desenvolvidas no Setor de Pessoal, que visam o registro das ocorrências da ficha funcional dos servidores lotados na Secretaria Municipal de Educação – SMEd Cachoeira do Sul.

"A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une".
Milton Santos

terça-feira, 28 de julho de 2015

A inclusão como caminho para a autonomia

http://cachoeiradosul.rs.gov.br/2015/07/a-inclusao-como-caminho-para-a-autonomia/


SMEd atende a 233 alunos com deficiência em 25 escolas
Levar o filho pela primeira vez para a escola desperta nas mães sentimentos como medo, preocupação, angústia e até mesmo tristeza para algumas. Deixar o filho em um ambiente novo, com pessoas até então desconhecidas, causa um turbilhão de sentimentos que qualquer mãe que já passou por isso pode contar. Mas, levar para a escola um filho com deficiência eleva ainda mais estes sentimentos. “Eu tinha medo da rejeição da escola e dos colegas. Também me preocupava muito se ele seria bem cuidado. Era a primeira vez que ele ficaria com outras pessoas que não era eu. Não tinha como eu não ficar preocupada”. Este sentimento é de uma mãe que passou por isso há cerca de cinco meses, quando teve que levar o filho com paralisia cerebral para iniciar a vida escolar.
A dona de casa Cátia Marques, 44 anos, é mãe de Salastiel Marques de Carvalho, 7 anos, o Sasa, que ingressou em 2015 no 1º ano da Escola Municipal Maria Paccico de Freitas, no Bairro Bom Retiro. Mas, hoje, Cátia já sente que tomou a decisão correta em levar o filho para a escola. Os progressos do menino já são visíveis. No início do ano letivo, além de não firmar o corpo, o garoto ainda não falava, tinha crises convulsivas, vomitava e tinha crises asmáticas com frequência. Em alguns meses, Salistiel já consegue firmar a cabeça, diminuiu as crises asmáticas e os vômitos e emite alguns sons, demostrando que quer se comunicar.
Salastiel 2
Salastiel com os colegas, a professora Andreia e a monitora Beloni.
Foto: Patrícia Miranda/SMEd-PMCS
O progresso no desenvolvimento de Salastiel é possível devido a um trabalho de inclusão feito pelas escolas da rede municipal de ensino de Cachoeira do Sul. O objetivo é que todos os estudantes, independente do grau de deficiência, estejam incluídos no dia a dia da escola assim como os demais estudantes. Atualmente, a Secretaria Municipal de Educação (SMEd) atende 233 alunos com deficiência em 19 escolas de ensino fundamental, 4 escolas municipais de educação infantil e 2 escolas filantrópicas. Para estes alunos, 33 monitores desempenham a função de auxiliar nas atividades de higiene, alimentação, locomoção e contenção (quando necessário). Além disso, outros 12 educadores atuam nas salas de recursos multifuncionais para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que contribui para diminuir as dificuldades encontradas em sala de aula por estes estudantes.
Smed tem um trabalho permanente para garantir a inclusão
Permitir as condições necessárias para que os estudantes com deficiência acesse e permaneça na escola é um trabalho que precisa ser desenvolvido permanentemente pela Secretaria Municipal de Educação. A coordenadora da Educação Especial e Inclusiva na SMEd, professora Marta Andrade, explica que, para isso, a equipe da secretaria participa de constantemente de pesquisas sobre a educação inclusiva e trabalha permanentemente para superar barreiras que impedem efetivamente a educação inclusiva como a acessibilidade física dos espaços escolares, mobiliários, equipamentos, transporte escolar e materiais didáticos.
A caminhada por novos conhecimentos e aperfeiçoamento levou a SMEd a incentivar ainda a prática de atividades didáticas inclusivas, as salas de recursos multifuncionais para o oferecimento de Atendimento Educacional Especializado , a garantia de diversidade nos instrumentos de avaliação, possibilitando assim o acompanhamento dos avanços do aluno com deficiência e o fomento do aperfeiçoamento contínuo dos profissionais que atuam com estes alunos.
Mais barreiras precisam ser superadas
Marta Andrade destaca que, a inclusão de alunos com deficiência, precisa de um trabalho e atenção constante. Por isso, é necessário que a escolas tenham espaços físicos com rampas e mobiliário adequado, projeto político-pedagógico que inclua este estudante e acolhimento de todos na escola. “A inclusão acontece quando está presente a parceria, o amor e a aceitação”. Marta enfatiza que a rede municipal de ensino está no caminho certo para o trabalho de inclusão, mas é preciso seguir o processo para superar alguns desafios. “Ainda precisamos oferecer tradutores e interpretes para fomentarmos o uso da libras e do braile. Temos ainda a necessidade de uma equipe multidisciplinar para apoiar e complementar as ações inclusivas”, explicou a coordenadora.
Caminhada pela inclusão começou em 2006
A caminhada pela Educação Inclusiva na rede municipal de Cachoeira do Sul começou em 1º de dezembro de 2006, quando foi inaugurada a primeira sala de recursos, funcionando inicialmente na Secretaria Municipal de Educação. No ano seguinte, o espaço de atendimento foi ampliado e passou a se chamar Centro Educacional Especializado (CEEsp) e foi transferido para o polo da UAB/Cachoeira. Em 2009, estas salas de recursos começam a ser implantadas diretamente nas escolas.
Atualmente, Cachoeira do Sul é município polo na Educação Inclusiva para mais 13 municípios que participam aqui de encontros regionais de formação continuada para profissionais que atuam nesta área. Isso foi possível devido a um convênio firmado com o Governo Federal, que destina recursos específicos para o incentivo a estas formações. Os municípios são: Arroio dos Ratos, Butia, Cerro Branco, Lagoão, Novo Cabrais, Pantano Grande, Paraíso do Sul, Passa Sete, Rio Pardo, Salto do Jacuí, Sobradinho, Venâncio Aires e Vera Cruz.
O xodó da escola
O pequeno Salastiel Marques de Carvalho, o Sasa, aluno do 1º ano da Escola Municipal Maria Paccico de Freitas, é só alegria ao lado dos outros 13 colegas. A professora titular da turma, Andreia Liana Pfüller, 34 anos e 8 de profissão, divide os cuidados, atenção e ensinamentos entre ele e os demais colegas. Para isso, conta com o auxílio da monitora Beloni Severo Zinn, 63 de idade e 3 de profissão. “Todos adoram o Sasa. Nem bem ele chega na escola e os colegas e os alunos das outras turmas já vem conversar com ele e perguntar como ele está”, conta Beloni.
Andreia desenvolve suas atividades em sala de aula de modo que o menino possa participar ativamente com os colegas. “Ele é incentivado a pegar o lápis e tentar pelo menos a fazer alguns traços, vai ao quadro, participa da contação de histórias e das rodas de música. Ele está sempre junto com os colegas”, conta a professora. “Não sabemos onde ele vai chegar, mas precisamos estimar para que ele possa chegar lá”, disse Sandra Mara Peixoto da Silva, diretora da Escola Municipal Maria Paccico de Freitas ao falar sobre o aluno Salastiel.
Um menino cheio de disposição
Dançar, cantar, participar das aulas de Educação Física, interagir com os colegas, são progressos que Gustavo da Luz Ellwanger, 13 anos, aluno do 7º ano da Escola Municipal Milton da Cruz, no Bairro Universitário, conquistou ao longo dos anos. De acordo com a mãe, a dona de casa Geneci da Luz Elwanger, 45 anos, o único filho começou ainda bebê a apresentar os sinais que logo levaram ao diagnóstico de autismo atípico. Geneci não esconde que o início da vida escolar de Gustavo, que desde que desde o 1º ano estuda na Milton da Cruz, não foi fácil. “Ele até se adaptou bem. Mas ele não queria ficar na sala de aula e queria sair a toda hora”, relembra.
Gustavo 1
Gustavo com a mãe Geneci.
Foto: Patrícia Miranda/SMEd-PMCS
A mãe conta que o filho sempre teve o auxílio de monitoras, pois, caso contrário, se dispersa com frequência das atividades de sala de aula. Geneci destaca que a convivência na escola com colegas e professores garante a evolução de Gustavo. “Dentro da escola cada um tem a sua contribuição. Se estivesse só em casa ele não teria o progresso que ele tem hoje no seu desenvolvimento. Todos dentro da escola, inclusive os professores, são muito comprometidos com o Gustavo”, relata Geneci. Além do auxílio que recebe em sala de aula, uma vez por semana ele frequenta o AEE, local onde suas principais dificuldades são trabalhadas.
A diretora da Milton da Cruz, Maria Helena Bottari Zotteli e a vice-diretora, Débora Schunemann, concordam que o progresso de Gustavo é visível. “Este ano tivemos a alegria dele participar inclusive da quadrilha da nossa festa junina. Pode parecer um pequeno passo mas é algo muito importante para o desenvolvimento dele”, comemoram.
Inclusão e autonomia
O trabalho de inclusão dentro das escolas é feito ao mesmo tempo em que se incentiva a autonomia dos alunos com deficiência. De acordo com a coordenadora da Educação Especial e Inclusiva na SMEd, professora Marta Andrade, todo o trabalho é feito de forma que o aluno sinta-se seguro, tenha todo o suporte para se desenvolver mas ao mesmo tempo vá adquirindo autonomia para as atividades do dia a dia. “O trabalho de inclusão nas séries iniciais é sempre mais fácil que nas séries finais. Nas séries iniciais é apenas uma professora, que passa todo um turno com o aluno, conhecendo bem ele. Nas séries finais são vários professores e já estamos trabalhando com um adolescente com todas as suas peculiaridades. É algo bem mais complexo. No
entanto, proporcionar esta autonomia é fundamental para o progresso do desenvolvimento”, sintetiza Marta.
Importante
A Prefeitura de Cachoeira do Sul, através da Secretaria Municipal de Educação, ainda mantém parceira com a Associação de Familiares e Amigos do Down (Afad), cedendo professores para o atendimento e com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), com a cedência de carros, professores, funcionários e de alimentação. Desta forma, o apoio da Prefeitura se estende a toda comunidade cachoeirense.
A inclusão escolar
a) Benefícios para os alunos com deficiências:
- Vê os colegas como modelos;
- Tem assistência por parte dos colegas;
- A criança cresce e aprende a viver em ambientes integrados,
- Aprende junto com os seus pares sem deficiência, o que lhe proporciona aprendizagens similares e interações sociais adequadas.
b) Benefícios para os alunos que não têm deficiências:
- Permite perceber que todos somos diferentes e, por consequência, que as diferenças individuais devem ser respeitadas e aceitas
- Oportunidade para participar e partilhar as aprendizagens;
- Diminuição da ansiedade diante dos fracassos ou insucessos.
c) Benefícios para todos os alunos:
- Compreensão e aceitação dos outros;
- Reconhecimento das necessidades e competências dos colegas;
- Respeito por todas as pessoas;
- Construção de uma sociedade solidária;
- Desenvolvimento de apoio e assistência mútua;
- Desenvolvimento de projetos de amizade

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